Se engana quem acha que hidromel é coisa de viking europeu. Muito antes dos europeus, outros povos como na África, China, Índia e até mesmo nativos brasileiros tinham sua própria produção da bebida fermentada de mel. Aproveito o mês de junho para falar especificamente da tribo kaingang. Os kaingang, povos originários do Sul e Sudeste do Brasil, mantinham uma rica tradição espiritual que incluía sua própria produção de hidromel, conhecida como ritual do kiki ou kikikoi. Essa bebida fermentada era feita com mel de abelhas nativas (como a jataí), ervas medicinais e às vezes até formigas para intensificar o teor alcoólico .
Para prepará-la, cortavam um tronco de pinheiro Araucaria (às vezes após cerimônias para “convocar” o espírito da árvore), que servia como fermentador, o konkéi. A mistura ficava lá por cerca de sete a dez dias . O ponto alto desse processo era o kiki, uma homenagem aos mortos. Um verdadeiro “dia dos finados” kaingang que envolvia cânticos, danças, pinturas corporais específicas para cada metade social (kamé e kairu) e comunhão com os ancestrais .
Ao fim da cerimônia, o hidromel era compartilhado entre os presentes como símbolo de fortalecimento espiritual e conexão com o numbê (mundo dos mortos) .
Hoje, o ritual do kiki é reconhecido como uma potente expressão de ancestralidade, resistência cultural e identidade kaingang e foi resgatado desde a década de 1970, após décadas de proibição durante o período de catequização.
Referências bibliográficas
- Queiroz, I. B.; Lino, J. T. (2021). O ritual do Kiki do povo Kaingang
- Veiga, J. (2004). Cosmologia Kaingang e suas práticas rituais
- Rosa, R. R. G. (2005). Relato etnográfico do kikikoi e sua retomada na década de 1970
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