“Nada contra cerveja, tenho até amigos que fazem. “🍺🤣
Essa é uma das perguntas que eu mais escuto sempre que eu digo que tenho uma hidromelaria ou que trabalho com hidromel. Existem uma infinidade de motivos do porquê EU, Felipe, não trabalho com cervejas propriamente e gostaria de compartilhar não só como um desabafo, mas como uma crítica pessoal e um aviso ao mercado hidromeleiro.
01 - Primeiramente: Sim, eu faço cerveja.
Assim como também produzo hidromel, vinho, sidra, licor, refrigerante, energético, whisky, rum e outros destilados. Mas os primeiros cursos especializados na área de bebidas que fiz na vida foram de produção cervejeira. Já fiz muita cerveja artesanal e no ano de 2025 estou me formando em uma faculdade Produção Cervejeira. Inclusive, já lancei comercialmente algumas cervejas de minha própria produção.
‘CALIFORNIA SUN’ Foi uma cerveja tipo* Blonde Ale que lancei em 2018 como merch da banda 2STEPFLOW
Tipo*: porque eu só usei como base o estilo Blonde Ale, adicionei outros ingredientes que aumentaram a drinkability e o frescor.
02 - Se eu experimentar 10 hidroméis show mead, serão 10 hidroméis diferentes. se eu experimentar 10 ipa’s, serão 10 ipa’s iguais.
(Eu avisei que teria crítica pessoal aqui.)
É claro que eu sei que existem vários fatores nos quesito de receita x produção. Obviamente existirão diferenças, mas todas muito sutis. Ao meu ver, por motivos muito simples:
1 - Um guia de estilos muito mais rigoroso buscando uma fidelidade ao estilo da cerveja proposta mas pouca criatividade e inovação;
2 - Uso das mesmas receitas e de fornecedores de insumos como malte e lúpulo;
3 - a maior parte das cervejarias estão preocupadas em criar um produto comercial, que venda rápido, não em inovar. Porque isso impacta em criar uma cultura de consumo mas é mais fácil entregar ao consumidor a pilsen gelada que ele já conhece.
Eu entro em várias cervejarias do mundo com uma proposta artesanal gourmetizada mas só vejo sempre as mesmas coisas: mesmos estilos, mesmos gostos, mesmos ‘diferenciais’ com cerveja de fruta, pilsen verde no Saint Patricks Day, e no fim se eu beber a cerveja da marca A ou B é tudo mesma coisa.
Minha frustração é ver que o movimento da Cerveja Artesanal que começou como uma crítica à cerveja industrializada hoje está falindo por falta de diferencial (cervejarias que não se destacaram em nada) ou estão virando a nova cerveja industrializada.
03 - ‘‘Hidromel não é tudo igual? é tudo viking’’
Já escutei isso. Como se hidromel fosse tudo igual. Mas eu não vejo isso, bem pelo contrário. Vejo um mercado embrionário cheio de produtores e empresários audaciosos se arriscando com novas técnicas, novos sabores, novos ingredientes, novos méis e novas possibilidades. O Guia de Estilos do BJCP serve como uma mera sugestão, não como uma régua de aprovação. Nessa perspectiva, sim, o hidromeleiro é como um viking lançado ao mar em busca de novos horizontes para explorar.
04 - E finalmente: Por que EU não faço cerveja?
Porque na cerveja talvez eu fosse só mais um. No hidromel eu sou uma das marcas mais premiadas e
reconhecidas no brasil e internacionalmente.
( ’noffa... que arrogante’ )
A única coisa que fiz foi me arriscar e tentar ser um parafuso, ao invés de passar a vida toda sendo um péssimo prego. E acho que está indo bem, modéstia parte.
E quando quiser experimentar algo diferente da cerveja, abra um hidromel.