🇮🇳🍷 Hidromel nas Escrituras Indianas
Você sabia que a escrita que menciona o hidromel mais antiga já encontrada é, na verdade, de origem indiana? Como sempre busco falar, muito antes de conquistar o imaginário das sagas vikings e dos banquetes medievais, o hidromel já era reverenciado como uma bebida sagrada e poderosa. Embora hoje ele seja amplamente associado à cultura nórdica, o registro escrito mais antigo dessa poção dourada está muito longe da Escandinávia.
A mais antiga menção ao hidromel vem de uma das obras mais antigas da literatura da humanidade: o Rigveda, um conjunto de hinos sagrados escritos em sânscrito védico entre 1500 a.C. e 1200 a.C., na região que corresponde à atual Índia. Em seu 8º Mandala, Hino 48, encontramos um trecho que revela a profunda reverência pela bebida:
"Eu provei a doce bebida da vida, ciente que ela inspira pensamentos bons e alegres, expansividade ao extremo, que todos os deuses e todos os mortais buscam juntos, chamando-o de meanth."
– Rigveda, Mandala 8, Hino 48.
Esse hino é uma clara alusão a uma bebida fermentada, possivelmente feita de mel, o que muitos estudiosos interpretam como uma referência direta ao hidromel. O nome "meanth" é próximo de termos antigos para bebidas à base de mel, sugerindo que a tradição de fermentar o néctar das abelhas já existia na aurora das civilizações humanas.
Além de seu papel ritualístico, o hidromel também estava intimamente ligado ao conhecimento e à inspiração divina. Nas tradições védicas, as bebidas sagradas não eram apenas consumidas por prazer, mas vistas como portais para a elevação espiritual e a conexão com os deuses. Algo que se encontra paralelos em outras culturas, como o soma dos persas ou o ambrosia dos gregos.
Hoje, o hidromel ressurge como símbolo de ancestralidade, alquimia natural e celebração. Seja em eventos medievais, banquetes temáticos ou experiências gastronômicas artesanais, essa bebida milenar continua encantando paladares e despertando curiosidade.
Ao degustar um cálice de hidromel, não estamos apenas provando uma bebida. Estamos brindando com as vozes de milênios, ecoando desde os hinos dos antigos sábios védicos até as tabernas encantadas dos contos de fadas.
📚 Referências bibliográficas
COOPER, Helen. The English Romance in Time: Transforming Motifs from Geoffrey of Monmouth to the Death of Shakespeare. Oxford: Oxford University Press, 1995.
MACDONELL, Arthur Anthony. A History of Sanskrit Literature. New York: D. Appleton and Company, 1900.
MCGOVERN, Patrick E. et al. Fermented beverages of pre- and proto-historic China. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 101, n. 51, p. 17593–17598, 2004. DOI: 10.1073/pnas.0407921102.
VÉDICO, Rig. Rigveda – Mandalas 1 a 10. Tradução e interpretação de Raimundo Panikkar. Madras Editora, 2001.
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